Emoção é, essencialmente, fluxo e movimento. Quando não atrapalhamos seu curso, ela se porta como ondas que vem e vão, nos deslocando para um novo lugar.
Se, cada vez que as emoções surgissem nós pudéssemos ficar com elas, sem julgamentos nem rejeições, apenas observando sua existência e manifestação em nossos corpos, perceberíamos que elas não durariam muito. Rapidamente as emoções, e as sensações que elas geram, movem-se, dissipam-se ou transformam-se dando lugar a outras sensações e emoções.
Somos, contudo, pouco habilitados a reconhecer e aceitar o que sentimos. Qualificamos os sentimentos como bons ou ruins a partir das sensações, agradáveis ou desagradáveis, que eles produzem.
Geralmente, autorizamos que a alegria circule por nós. Já o medo, a tristeza, a raiva… não são muito bem-vindos! Temendo cair no pânico, evitamos o medo. Porém, é justamente quando o colocamos de lado, que corremos o risco de sermos tomados pelo terror. Se não conseguimos conviver com a tristeza, vivenciamos o luto e a depressão. Se não suportamos reconhecer e experienciar a raiva nos nossos corpos, maior é o nosso ódio e ressentimento. Esquecemos que tudo aquilo que não olhamos tende a crescer na escuridão. Na tentativa de escapar desse obscuro, entramos em processos de dissociação e negação, aumentamos o consumo de antidepressivos e assim vamos dando continuidade a uma sociedade anestesiada emocionalmente e empobrecida sensorialmente.
A emoção é um fenômeno humano, natural e biológico, acontece independente da nossa vontade e rege muitas de nossas escolhas e comportamentos. Se não temos consciência do que sentimos, agimos influenciados por forças desconhecidas e deixamos de desenvolver importantes recursos de auto-regulação.
No mais, perder contato com as emoções significa, também, perder conexão. Quando excluímos algumas emoções e nos distanciamos do que sentimos, reduzimos significativamente nossa capacidade empática e nossas habilidades interpessoais. Por outro lado, quando aceitamos as emoções que nos atravessam, reconhecemos nossa humanidade e conseguimos espelhar as emoções do outro, ampliando nossos vínculos e conexões.
Lembremos que, acolher as emoções desconfortáveis não significa estimulá-las com pensamentos destrutivos ou utilizá-las para justificar atitudes nocivas. Todas as emoções têm uma função e podem ser aceitas. Algumas atitudes não!
Emoções não são boas ou ruins, são experiências transitórias que surgem para nos contar algo. É a nossa falta de habilidade de lidar com elas que nos leva a comportamentos ruins. Daí a importância da tal da inteligência emocional.
Para ilustrar o caráter pedagógico das emoções, vamos observar brevemente algumas de suas faces; daquelas que chamamos de emoções primárias. São elas: o medo, a tristeza, a raiva, a alegria, o nojo e a surpresa.
Medo: Essa sensação gerada a partir de situações de perigo ou da preocupação de sofrer algum dano é de extrema importância para a nossa sobrevivência e capacidade de se portar em grupo.
O medo serve para nos deixar alerta diante de uma ameaça. Nos faz olhar em volta e nos move para longe do que pode nos prejudicar ou para perto do que pode nos manter salvos.
Medo é diferente de pavor. O pavor nos paralisa, nos impede de pensar e agir. Medo não é sentido antes de uma situação se apresentar. A emoção que antecipa o fato é o medo do medo. Não deixemos o medo nos assustar!
Tristeza: Esta emoção, que nos faz ver a vida por meio de um véu cinzento, carrega também sabedoria. A tristeza nos dá a chance do recolhimento, da introspecção e, muitas vezes, da redescoberta de si. Tanto do nosso interior se revela quando estamos de olhos fechados, e tantas são as curas feitas pelo fluxo de nossas lágrimas.
Existem diferentes razões que podem nos levar para a tristeza mas, comumente, a sentimos quando nos decepcionamos ou perdemos algo que era muito importante para nós. Quando nos autorizamos vivenciar a tristeza, conseguimos nos despedir do que ficou para trás e encontramos novos sentidos para seguir em frente.
Raiva: Este sentimento feroz que bloqueia nossa capacidade de pensar claramente e nos leva a reações impulsivas, também vêm ensinar que a agressividade é um impulso energético vital e necessário.
A agressividade é o princípio da raiva e pode ser observada em todo o ser humano desde o início da vida. O bebê, quando grita e chora, está usando essa energia em busca do que é fundamental para sua sobrevivência. Em sua essência, a raiva serve para nos proteger ou nos impulsionar a realizar algo. Lutamos e nos erguemos diante de uma ameaça apoiados pela raiva. Superamos dificuldades e nos colocamos em ação impulsionados pela agressividade.
A raiva afirma urgência e traz a força para perto. A questão é que esta força pode se manifestar de forma construtiva ou destrutiva. Busquemos, em nossas vidas, sua porção construtiva!
Alegria: Sentimento de vitalidade que nos desperta para a experiência do prazer e da satisfação.
A alegria abre os nossos corações ampliando o desejo de conexão com as pessoas à nossa volta. Por restabelecer o senso de segurança, nos liberta de medos e tensões. Nos faz rir, nos leva para o humor, e para a celebração da vida.
Com isso tudo, se torna um ótimo remédio para o sistema imunológico.
Nojo: Emoção que nos leva para a experiência do desprazer e da rejeição.
Quando sentimos nojo, movemos para longe de nossos corpos e rostos, algo que consideramos desagradável ou repulsivo. Sua função é nos manter afastados de substâncias, situações ou pessoas que acreditamos serem tóxicas ou nos fazerem mal.
Surpresa: Sentimento súbito que experimentamos diante de algo desconhecido ou inesperado. A surpresa se vincula com as emoções associadas ao contexto que a despertou. No caso de uma festa surpresa, a emoção associada provavelmente seria a alegria. No caso de um assalto, seria o medo.
A surpresa facilita a nossa atenção diante de novos estímulos, despertando nossa curiosidade e desejo de aprendizado.
Texto produzido por: Tatiana Kessedjian – Psicóloga
Foi muito bom esses comentários sobre as emoções, bem explicativos. Gostei muito.
Gostei muito das explicações sobre os sentimentos. Muito importante saber para termos mais autocontrole em sala de aula e na vida.