O processo de ensino-aprendizagem envolve diversas questões que, na grande maioria das vezes, só quem vive a prática é capaz de compreender. É por isso que uma boa equipe pedagógica é fundamental, pois, caso contrário, os professores acabam enfrentando esse processo de forma solitária e, sendo assim, se sentem sobrecarregados. No ambiente escolar o professor, além de ensinar os conteúdos programáticos, precisa estar atento ao comportamento de cada aluno ali presente e ter um olhar empático para compreender quando algo não está bem. Esse olhar diferenciado é muito importante, pois dentro de uma sala de aula há alunos, mas há também histórias de vida, emoções, sentimentos, dores e diversos conflitos internos que podem atrapalhar o desenvolvimento cognitivo e emocional de cada um. É preciso ensinar conteúdos, mas é fundamental ensinar a ser forte também. Forte para enfrentar desafios, medos e principalmente para acreditar em seu potencial e seguir adiante. O aluno que tem suas potencialidades reconhecidas e valorizadas por seus professores se torna mais confiante em si mesmo e assim consegue avançar cada vez mais.
Quando falamos de aprendizagem e desenvolvimento, precisamos refletir nos caminhos a serem percorridos para que isso ocorra de fato. O processo cognitivo deve levar em conta a interação entre os seres humanos e o ambiente ao qual estão inseridos, seja físico, seja social. Na Teoria Sociointeracionista de Vygotsky as relações entre aprendizagem e desenvolvimento são muito importantes, pois ele considera que o desenvolvimento é alcançado pela aprendizagem e, a interação entre o meio e o indivíduo é essencial para esse processo. Vygotsky enfatiza o tempo todo a importância das relações sociais para que o desenvolvimento cognitivo aconteça.
Levando em consideração a importância das relações sociais no processo de aprendizagem, como fica a situação do aluno tímido, que não consegue interagir com os demais e busca sempre se distanciar para que não seja notado pelo restante da turma? As relações sociais, desde as mais simples até as mais complexas, causam tensão, mal-estar e, acabam levando ao isolamento, afastamento e perda de grandes oportunidades para aqueles que são acometidos pela timidez. O aluno tímido não tira suas dúvidas, tem dificuldades em se relacionar com a turma e apresentar trabalhos, não expõe suas opiniões, tem medo de julgamentos e é acometido por uma insegurança absurda, pois se sente como se estivesse sendo avaliado o tempo inteiro por alguém. Cabe ao professor buscar uma aproximação na tentativa de resgatar a auto-estima desse aluno, fazendo-o enxergar suas potencialidades e mostrando-lhe seu lugar de fala, sempre valorizando suas conquistas, reconhecendo suas vitórias e mostrando sua capacidade de seguir em frente. É importante ressaltar que se essa timidez alcançar um nível tão elevado, a ponto de o aluno entrar numa crise de ansiedade e fobia social, é extremamente importante que os responsáveis busquem auxílio com especialistas na área da psicoterapia. Aulas de dança e teatro também ajudam bastante.
É interessante que em sala de aula, o professor incorpore na rotina da turma movimentos simples de alongamento e relaxamento, aliados a exercícios de respiração para que haja equilíbrio entre mente e corpo já no primeiro momento do dia. As carteiras escolares, se posicionadas em círculo, facilitam a interação entre os alunos, evitando a possibilidade de isolamento por conta da timidez. A sala de aula deve conter frases otimistas e que destaquem os adjetivos dos alunos. Uma ideia bem interessante é entregar um pedaço de papel para cada aluno e pedir que escrevam de três a cinco frases positivas sobre si mesmo e após fazerem a leitura desta lista para a turma, colarem a folha na contracapa do seu caderno ou agenda escolar e sempre que se sentirem inseguros buscarem essa lista e resgatarem sua força para seguirem adiante e confiantes sempre!
Texto de: Roberta Barbosa Monteiro, Pedagoga e Professora do Ensino Fundamental
Referência Bibliográfica:
Pino, A, As marcas do humano: origens da constituição cultural da criança perspectiva de Lev S. Vygotsky, São Paulo: Cortez, 2005