Durante a pandemia, as famílias tiveram que se desdobrar para fazer, em casa, o que os professores fazem na escola dia após dia.
Muitas famílias estavam com seus filhos iniciando a alfabetização e descobriram que não sabiam como alfabetizar, afinal isso era feito pelo professor.
Outras famílias, com seus filhos no ensino fundamental, passaram a ter que estudar junto com eles, acompanhar as aulas, ajudar a organizar os conteúdos, aprender as ferramentas tecnológicas, se deparando com a falta de disciplina dos filhos, a preguiça de fazer as tarefas, a desmotivação com os estudos.
Nunca foi tão fácil perceber a importância dos professores, se colocar no lugar deles e se perguntar, como eles fazem para dar conta de tantos alunos se, nós não estamos dando conta dos poucos que temos em casa?
As famílias sentiram imensamente a falta da escola para onde podiam mandar seus filhos para aprender a se relacionar, a respeitar o outro, a conviver em comunidade, além da aprendizagem cognitiva.
O papel do professor vai além de ensinar as matérias e isso ficou evidente durante a pandemia.
Os professores se reinventaram, aprenderam a usar recursos tecnológicos, se equiparam, melhoraram a internet de casa, inventaram formas lúdicas de dar aula on-line, criaram grupos e desafios via whatsapp, tentaram organizar a distribuição de cestas-básicas para as crianças que antes tinham na escola a certeza do almoço. Verdadeiros guerreiros e guerreiras da educação.
Mas, só foi acabar a pandemia para eles voltarem a ser invisíveis.
Os professores, invisíveis para os governos e para muitos da sociedade, seguem fazendo um trabalho grandioso, movidos mais por amor do que por dinheiro, já que esta profissão é uma das menos valorizada e reconhecida financeiramente no Brasil.
O adoecimento emocional de professores e professoras já era uma realidade antes da pandemia e, os casos de licença do trabalho por motivos como estresse, depressão, crises de ansiedade só se agravaram.
O que está sendo feito para cuidar dos professores? Quando este profissional deixará de ser invisível para a sociedade e governos?
Enquanto se investe boas quantias de dinheiro em botões de pânico, patrulhas escolares e demais ações paliativas, onde está o investimento para a manutenção de equipes multidisciplinares nas escolas, com assistentes sociais, psicólogos etc.? Onde os professores podem aprender sobre suas emoções e como desenvolver mecanismos e ferramentas de autocuidado para não sucumbirem?
Um professor saudável emocionalmente tem muito mais condições de conduzir melhor uma turma de alunos e evitar que crises coletivas de pânico e ansiedades continuem se repetindo pelas escolas.
Cuidar dos professores, reconhecê-los profissionalmente e dar a eles condições dignas de trabalho é uma das melhores formas de cuidar da segurança das crianças e adolescentes.
Mariza Hawa Soares, mãe, terapeuta cabalista, fundadora da Emosciência.