A agressividade é um comportamento “normal” e que se manifesta desde os primeiros anos de vida, por diversos motivos: tentativa de chamar a atenção dos responsáveis ou de qualquer outra pessoa que esteja por perto no momento, reação a algum acontecimento que o faça se sentir frágil ou inseguro, tentativa de despertar no adulto sentimentos internos que eles não são conseguem perceber e outros que, muitas vezes inconscientemente, as crianças usam como justificativas para seus momentos explosivos. Geralmente essa agressividade se inicia através de uma pirraça decorrente da frustração por algo que não ocorreu da maneira que ela desejava. É importante a compreensão de que essa atitude é intrínseca ao desenvolvimento e à elaboração do mundo infantil. Os neurocientistas concluíram que essa atitude da criança está diretamente ligada às funções do cérebro, que se encontra em evolução. O neocórtex, que compõe 85% do cérebro e é responsável pela reflexão, pensamento, imaginação, planejamento e solução de problemas, ainda está em desenvolvimento quando a criança nasce e, por esse motivo, pode gerar uma espécie de choque (atrito) desencadeando episódios de agressividade, acompanhados de choro e raiva. A agressividade infantil pode ser encarada como uma manifestação da emoção, no comando de uma situação que traz certa insegurança na criança frente aos desafios. Quando a criança adota uma postura de teimosia frequente, hostilidade e comportamento desafiador, essa agressividade pode estar extrapolando os limites da normalidade e há grande probabilidade de estarmos lidando com uma criança portadora de TOD – Transtorno Opositivo -Desafiador. O TOD se diferencia da pirraça por sua intensidade e na frequência de seus episódios – quase que diariamente. Suas causas ainda são desconhecidas, mas sabe-se que o ambiente onde a criança está inserida pode influenciá-la crucialmente. É importante que os responsáveis legais busquem auxílio de um profissional da saúde para conduzir essa criança e toda a família da melhor maneira possível.
Levando esse tema para o ambiente escolar, onde os profissionais da educação encontram os mais diversos tipos de comportamento e desafios dentro de uma sala de aula, é preciso muita atenção, cuidado e acolhimento, pois de acordo com a BNCC – Base Nacional Comum Curricular, a educação focada apenas no desenvolvimento cognitivo não é o melhor caminho, devemos trabalhar as competências socioemocionais, pois gerenciando as emoções, teremos indivíduos mais assertivos, responsáveis, capazes de construir relacionamentos mais saudáveis e, consequentemente, uma vida mais feliz.
Uma criança com comportamento agressivo em sala de aula, sem dúvida acaba influenciando uma turma inteira, pois causa temor a alguns e encoraja outros a reproduzirem seu comportamento agressivo. No ambiente escolar, os profissionais atuam diretamente com as emoções e histórias de vida que cada aluno carrega dentro de si. O professor não pode agir como um médico, muito menos tirar conclusões precipitadas a respeito da possibilidade de um aluno ser portador de algum transtorno, pelo simples fato de apresentar um comportamento diferente dos demais. É preciso agir com total empatia, buscar compreender os motivos da ira daquele aluno e trabalhar isso no interior dele, propondo atividades que trabalhem as emoções, sentimentos e tudo aquilo que podemos ou não controlar dentro da gente.
Técnicas de respiração são fundamentais para que alunos com comportamento agressivo possam manter o equilíbrio entre a mente e o corpo. O professor pode inserir em sua rotina um momento de pausa, com uma música relaxante, solicitar que os alunos fiquem descalços – para um maior conforto – se posicionem sentados, com a coluna ereta e façam uma sequência de respiração, inspirando pelo nariz e expirando pela boca. É interessante que mantenham os olhos fechados e pensamentos positivos.Outra atividade interessante é a dinâmica “Círculo de Controle”, onde as crianças são estimuladas a classificar eventos e situações cotidianas que estão dentro e fora de seu controle. Por meio do Círculo de Controle, elas serão incentivadas tanto a se concentrarem nas situações que estão dentro do seu controle e dependem de seu esforço, quanto a aceitarem e aprenderem a conviver com situações que estão fora de seu controle. Em uma cartolina, desenhe um círculo grande. Se quiser, peça ajuda às crianças para desenhá-lo. Diga que o espaço dentro do círculo representa as situações que podemos controlar e o espaço fora representa as que não podemos controlar. Em seguida, avise que eles terão de classificar situações cotidianas como controláveis ou não, colocando-as dentro ou fora do círculo de controle que foi desenhado. Peça para que cada um dos participantes da atividade pegue um papel com uma situação e leia em voz alta. Se necessário, auxilie as crianças na leitura. Discuta coletivamente a situação para identificarem juntos se a situação está dentro ou fora do controle. Use a criatividade!
Texto de: Roberta Barbosa Monteiro, Pedagoga e Professora do Ensino Fundamental
Referências bibliográficas:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/
https://mundoeducacao.uol.com.br/psicologia/agressividade.htm
https://institutoneurosaber.com.br/neurociencia-explica-a-agressividade-infanti/
https://www.indagacao.com.br/2020/05/atividade-circulo-de-controle-ensino-fundamental-i.html